A pesquisa acompanha as atuações de duas mulheres com deficiência em seus respectivos canais no YouTube, que perpassam a tríade gênero, corpo e sexualidade. Ancorada nos estudos feministas da deficiência e realizada na Internet, a etnografia percorre a reconstrução de narrativas hegemônicas da deficiência e a construção de Sabrina, no Canal 1, e Marília, no Canal 2, como “referências”, personagens “empoderadas” e “empoderadoras”. A metodologia envolveu uma etnografia realizada no YouTube, entre junho de 2017 e janeiro de 2019. Neste período, analisei o conteúdo de mais de 170 vídeos publicados nos canais. Como fontes secundárias, também acompanhei outras redes sociais gerenciadas por Sabrina e Marília, como blogs, Instagram, fanpages e grupos privados no Facebook. O objetivo geral da tese se concentra em examinar as narrativas de “empoderamento”, envolvidas na constituição pública de mulheres com deficiência como sujeitos de direitos, mas também como produtoras de conhecimento, belas, atraentes e sexualmente ativas. No âmbito analítico da investigação, a plataforma do YouTube é parte das associações -- sempre instáveis e temporárias -- entre corpos, palavras, imagens, projetos, próteses e dinheiro. Como resultado, a pesquisa mostrou que a exposição pública de vivências particulares, em uma mídia digital de alcance global, é compreendida como instrumento de visibilidade pessoal, porém, potencialmente, reconfigura concepções populares sobre humanidade, cidadania e corporalidades.