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Informações Gerais

Nucleo de Pesquisa
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O sentido da espera é um marcador de questões sociais, mesmo quando diluído em outras categorias mais gerais, atravessa e constitui a história geral do campesinato de base familiar no Brasil. Espera-se a “modernidade”, o “progresso”, a “dignidade” e, mais recentemente, espera-se o “desenvolvimento”. Essas noções foram/são elaboradas em planos multissituados da vida, interligando, de forma complexa e dinâmica, estado, economia e cultura local; deslocando e ressignificando, nos termos de José de Souza Martins, os regimes e sentidos da “servidão” do pequeno camponês aos modelos dominantes. O foco deste trabalho coloca-se sobre um processo de mudanças recentes experenciados por agricultores e agricultoras na região rural do município de Espera Feliz (cidade localizada no Caparaó, Zona da Mata mineira). Essas pessoas, com as quais convivi ao longo de três anos de pesquisa, pequenos cafeicultores, homens, mulheres, jovens e idosos que ao longo última década puderam se fixar a um sítio, com casa e lavouras próprias, se reconhecem como agricultores familiares, categoria mobilizada a expressar sentidos variados, e a oferecer uma gama de tensões que constituem a vida cotidiana local. Aqui, esse processo de mudanças alinhado com a agricultura familiar é também pensado e praticado por meio do acesso e da vivencia com um conjunto de políticas públicas setoriais as quais, entre os meus interlocutores, possuem maior centralidade o Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR) ou as chamadas casinhas da Dilma e o microcrédito subsidiado (PRONAF). É em meio a esse contexto que pensam a vida, a realidade e o mundo. É por esse recurso, no âmbito tático, que busco aqui descrever esse universo em questão. Para tanto, me aproximei de uma série de tensões que envolvem os temas não apenas da moradia e do crédito/dívida, mas também da terra, do mercado do café, das máquinas, dos defensivos agrícolas ou veneno. Isso tudo, em meio a conjugações de tempos e de temporalidades, nas possibilidades de construção da autonomia, entre conformações e contestações, entre o familiar e o estranho.

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