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Informações Gerais

Texto

O entrecruzamento da política de remoção de favelas com o programa habitacional Minha Casa Minha Vida (PMCMV) produziu no Rio de Janeiro novas formas de morar, a partir de políticas de valoração de casas e vidas, experienciadas pelos sujeitos por meio do reassentamento em condomínio popular. O objetivo da pesquisa é compreender a experiência do reassentamento do ponto de vista dos sujeitos, cujo cotidiano na nova moradia é marcado pela memória da casa e da vida na favela. Para tanto, investigo a vida cotidiana em um condomínio popular específico. O texto é formulado a partir de duas grandes questões. Em primeiro lugar, quais são os fios que constituem o espaço do condomínio, em termos de práticas, regulações, comportamentos, representações, formas de governo e ordenamentos? Se a produção social do espaço diz respeito às forças político-econômicas a partir das quais emerge o lugar, a construção social do espaço refere-se à transformação do lugar, por meio da linguagem, interações sociais, memória, comportamentos e usos na vida cotidiana. Ambos os processos são abordados através de um conjunto de cenas vivenciadas durante a pesquisa de campo e descritas no texto, que é marcado pelas formas dialógica e polifônica de escrita etnográfica. A segunda grande questão que se coloca é: como se faz a vida em um condomínio popular? A partir da desconstrução da dicotomia entre casa e trabalho, como sugerem autores mobilizados nessa dissertação, reflito sobre o contínuo processo de se fazer a vida, que envolve casas, sujeitos e economias. Tempo e espaço são categorias centrais para a compreensão da dimensão econômica das formas de vida em questão. A boa forma de morar expressa pela política habitacional impõe uma nova realidade econômica aos moradores, na qual a gestão do dinheiro da casa é drasticamente modificada em função dos novos custos decorrentes de um processo inacabado de formalização da moradia. A frase “perdi minha casa, aqui eu tenho outra vida” demonstra como a casa conforma mundos e formas de vida. Reabitar a vida em um novo contexto provoca processos de subjetivação intrinsecamente conectados à produção cotidiana do espaço social e econômico. Ao habitar e transformar o espaço, os sujeitos produzem-se a si mesmos.

Responsável
Orientador(a)