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Informações Gerais

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A presente pesquisa objetiva uma análise antropológica acerca das implicações estéticoontológicas em parte da arte japonesa contemporânea produzida após (e compondo com) o triplo desastre de 2011. Tomando como ponto de partida a importância fundamental da arte como forma de compreensão da catástrofe, a etnografia se estabelece como o resultado de reflexões produzidas em-e-sobre um campo profícuo de tensões, paradoxos, afetos e traumas cuja potência é situada por uma dinâmica de constantes transformações e ressignificações. Através da crise, o poder devastador da catástrofe e as consequentes possibilidades de reconstrução – ou reinterpretação – do mundo, representaram no Japão uma profunda transformação estética, política e social que pode ser compreendida através das obras criadas no contexto artístico pós-2011, relacionando-se assim não apenas a questões climáticas e ambientais e aos debates contemporâneos sobre o antropoceno, mas também com aspectos sociais, culturais e cosmológicos, reafirmando sua indissociabilidade e possibilitando a reflexão sobre novas formas de existência humana em um mundo devastado. A intenção da pesquisa é, então, através de um olhar extraposto, contribuir para um panorama amplo de discussões e reflexões sobre as transformações estético-ontológicas na arte produzida após o triplo desastre e suas implicações no pensamento social japonês e como estas reflexões podem nos ajudar a repensar o mundo que vivemos na confluência de catástrofes. Sugerimos que a arte produzida em-e-sobre o triplo desastre de 2011, através do seu potencial interpretativo e de presentificação nos ajuda a desconstruir ainda mais a indissociabilidade estabelecida entre natureza e cultura; desvinculada dos aspectos representacionais, a arte contemporânea japonesa no contexto do triplo desastre, em especial aquela que dialoga com a radiação, pode ser entendida como uma forma de resistência, uma subversão da ordem estabelecida pela radioatividade que torna a arte japonesa contemporânea um movimento político e cosmológico em busca de um possível futuro pós-nuclear e menos violento.

Responsável
Orientador(a)