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Esta tese é uma investigação sobre a formação das identidades políticas no Brasil contemporâneo, ou como os sujeitos chegam à conclusão de que são de esquerda ou de direita. Parto do conceito de polarização afetiva, que define a polarização política como uma redução das diferenças sociais à única dimensão da diferença política e um transbordamento da política para outras áreas da vida. Este conceito da ciência política, visto pela sociologia, enseja as perguntas: como as identidades políticas se relacionam com a multiplicidade de outras identidades sociais e como os indivíduos aderem aos campos polarizados. Com a psicanálise, estabeleço a distinção entre identidade e identificação. Por identidade entendo um construto discursivo, operante no registro do simbólico, que procura enredar diversos sujeitos diferentes e constituir uma comunidade. Já por identificação, nomeio o processo psíquico de adesão à identidade, ou o investimento libidinal que o sujeito deposita neste construto discursivo. Com o pós-estruturalismo, busco as noções de cadeias de equivalência e de diferença para explicar a colonização de outras identificações pela posição política. Neste modelo, as identidades políticas funcionam como significantes-mestres a articular um sem-número de diferenças sociais, chamadas aqui de posições do sujeito, sob seu guarda-chuva. A dupla inscrição ontológica do fenômeno pesquisado, discursiva e psíquica, exige uma abordagem empírica em duas frentes. No campo discursivo, inquiri as identidades políticas através uma Análise de Redes Significantes nas eleições de presidenciais de 2018 e 2022. No plano psíquico, investiguei as identificações a partir de entrevistas com sujeitos que se politizaram recentemente. No encontro dos resultados destes dois esforços, concluo que os sujeitos se politizam porque suas identificações prévias com outras posições do sujeito foram articuladas para dentro das cadeias de equivalência das identidades políticas. Dito de outra forma, os sujeitos se politizam através da politização de seu mundo da vida. Por fim, dou interpretação preliminar a outro achado empírico: os indivíduos sempre procuram justificar suas identificações a partir de injustiças sofridas pessoalmente. A proeminência desta posição de vítima diante do Outro tento articular ao tempo presente de entroncamento de diversas crises.

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Orientador(a)
Banca examinadora4