Informações Gerais
Este trabalho se situa na inter-relação temática entre trabalho e ação coletiva. Tendo em vista os desafios gerados para os trabalhadores pela reorganização da economia em Redes Globais de Produção, a proposta da pesquisa é descrever e analisar formas inovadoras de articulação internacional dos trabalhadores com a intenção de garantir direitos trabalhistas. O estudo empírico investiga as ações transnacionais dos trabalhadores brasileiros frente à Volkswagen e contrasta o seu uso entre os cinco sindicatos que negociam com a empresa. Teoricamente, essa pesquisa se ampara nos aportes da literatura sobre Redes Globais de Produção e sobre ação coletiva confrontacional para entender os determinantes do sindicalismo internacional. Metodologicamente, se optou pelo estudo de caso qualitativo. A partir da subsidiária brasileira da Volkswagen, procurou-se contrastar a atuação dos trabalhadores de cinco regiões diferentes. Em relação à técnica, se utilizou a entrevista semiestruturada como ferramenta principal e a análise de dados secundários, como documentos e jornais sindicais, enquanto instrumento subsidiário. As conclusões apontam para um alto nível de organização transnacional, tendo o Comitê Mundial de Trabalhadores como principal repertório. Ademais, comparativamente, o maior nível de ação internacional se deve aos trabalhadores do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, seguido por aqueles dos sindicatos de Taubaté, São Carlos e São José dos Pinhais. Por fim, Resende apresenta um baixo padrão de transnacionalização. As diferenças devem ser explicadas à luz das distintas trajetórias e estratégias sindicais, que os influenciam a aderir à ação internacional ou não. No caso do ABC, desde os anos 1970, sua história de conexão com os trabalhadores alemães lhes possibilitou um papel de destaque. Em comparação, Taubaté, São Carlos e São José dos Pinhais se beneficiaram da sua incorporação no Comitê Mundial de Trabalhadores e de sua experiência de articulação nacional com o ABC. Por fim, Resende apresenta uma estratégia de internacionalização baixa, tendo em vista sua participação em um Comitê Mundial diferente e sua opção de não se articular nacional e internacionalmente com as demais organizações. As implicações teóricas da dissertação indicam a importância da trajetória e do aprendizado na conformação de disposições para ações sindicais transnacionais.