Informações Gerais
Este projeto de pesquisa, que tem como objeto as organizações do jogo do bicho no Rio de Janeiro, participa do projeto mais amplo sobre "A acumulação social da violência no Rio de Janeiro: novos desafios", sob a supervisão de Michel Misse (PPGSA/UFRJ). O objetivo é sanar várias lacunas nos poucos estudos produzidos até agora sobre a morfologia das redes familistas que operam o jogo do bicho e outros jogos ilícitos no Rio de Janeiro, uma organização de "tipo mafioso" (Gambetta, 1996; Misse, 2006). Propõe-se a observação, investigação e análise sobre como "se estruturam", na atualidade, as organizações do jogo do bicho e os mercados de jogos ilícitos no Rio de Janeiro. Além das disputas intrafamiliares que levaram, nas últimas duas décadas, à ruptura do pacto da chamada "Cúpula" criada em meados dos anos 70 e que visava pacificar as constantes lutas por território, verifica-se na atualidade uma redistribuição do poder territorial das organizações do jogo do bicho incluindo a exploração do rentoso mercado de máquinas caça-níqueis, outros jogos de azar em "cassinos clandestinos" e a hipótese de uma associação com segmentos das chamadas "milícias". O tema do jogo do bicho, que atravessa mais de um século na história popular do Rio de Janeiro, retornou nos últimos tempos devido ao reconhecimento público de uma nova fase, marcada por intensa transformação organizativa, redefinições do código compartilhado entre essas organizações e dos pactos de domínio territorial. Toda uma nova geração de banqueiros do jogo do bicho, que emerge em um novo cenário, mais conturbado que o conhecido pela geração anterior, representa um novo desafio para a compreensão de sua atual composição, morfologia, hierarquia em redes e conflitos de poder.