O objetivo central desta pesquisa é operacionalizar uma sociologia da violência no Rio de Janeiro centrada nos diferentes sentidos do signo "violência" mobilizados em situações relativas a operações da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro sobretudo, ações que resultam em mortes de civis e/ou de policiais. A análise é pensada na continuidade de um processo histórico de acumulação social da violência que resulta nessa como um fantasma, i.e., um espectro capaz de intervir nas compreensões e nos comportamentos dos atores sociais. Tal processo tem como um de seus substratos a atuação da imprensa, especialmente a cobertura da violência, aqui sob escrutínio. O trabalho promove a partir de notícias de jornal cobrindo a atuação da PMERJ e de reações de leitores a elas uma análise da operação de definição de situações e de contextos como violentos pelos atores sociais. O objetivo principal é evidenciar como tal operação preenche de sentido um objeto concreto, a diferença notável de forças, cujas ressignificações compõem uma tipologia de sociologias da violência, isto é, de teorias nativas sobre a vida social quando essa é atravessada pela mobilização desse desequilíbrio de forças. Busca-se compreender como as pessoas mobilizam diferentes interpretações do mundo socialmente experimentado e violentizado, constroem noções de ordem e operam críticas com base nessas ao avaliarem ações da PMERJ. A pesquisa é realizada com base em análise de documentos e observação de rastros digitais..