Informações Gerais
Nas pesquisas sobre saúde mental no Brasil das últimas décadas foi sendo configurada uma categoria diagnóstica chave denominada Transtornos mentais comuns (TMC), que se apresentam como um sofrimento difuso, padecimentos subjetivos e/ou transtornos de ansiedade. Esses diagnósticos alcançam o nível de 25 da população brasileira; a hipótese da pesquisa proposta consiste em que a configuração cultural contemporânea, denominada por alguns autores do liberalismo tardio, e que tem como uma das suas características fundamentais a maximização da produtividade e o aperfeiçoamento dos sujeitos, fomenta que alguns deles experimentem esse tipo de padecimentos subjetivos difusos.Interessado na experiência cotidiana e situada desses padecimentos e da subjetividade associada mobilizarei dois conceitos chave: subjetividade e trauma. Assim, o objetivo da pesquisa proposta consiste em entender a experiência cotidiana de adultos de entre 30 e 60 anos de idade no Rio de Janeiro que sofrem de padecimentos subjetivos difusos, que podem ser traduzidos em sensações de vazio, ansiedade ou depressão, e que, desse modo, poderiam ser incluídas na categoria que denominamos subjetividade traumatizada. Através das relações propostas entre os conceitos de subjetividade, sofrimento e trauma, pretendo contribuir para os estudos da antropologia da saúde e da doença e para a antropologia das emoções, mas também pretendo contribuir para as relações entre os campos da Psiquiatria e/ou Psicanálise e da Antropologia, que já acumulam um vasto campo.Metodologicamente proponho realizar entrevistas abertas e em profundidade com os sujeitos/as colaboradores da pesquisa, a fim de entender os modos situados de viver e reviver esses traumas difusos..