Informações Gerais
A desigualdade de gênero na divisão do trabalho doméstico e de cuidados persiste ao longo do tempo e entre países com diferentes valores culturais de gênero, níveis de desenvolvimento econômico e políticas de apoio à família. Ainda que persistente, há variações significativas segundo os contextos nacionais e suas diferentes características (Lomazzi, Israel e Crespi, 2018; Araújo, Picanço e Cano, 2021), bem como eventos nos cursos de vida podem provocar mudanças nas atitudes de papéis de gênero para acomodar as escolhas feitas (voluntárias ou compulsórias) diante de circunstâncias vividas. Logo, as perguntas sobre os efeitos dos valores, atitudes de papéis de gênero, variáveis socioeconômicas e das políticas públicas sobre a distribuição das tarefas reprodutivas (tarefas domésticas e de cuidados) e como as situações e escolhas individuais são vividas e negociadas dentro e fora da esfera familiar estão sempre sendo recolocadas. O objetivo da pesquisa é analisar se e como, no contexto pós-pandemia do COVID 19 e da emergência de pautas morais em relação ao gênero e família, as atitudes de papéis de gênero, arranjos familiares, a realização do trabalho doméstico e de cuidados e a inserção no mercado de trabalho foram afetados e afetaram as percepções e práticas. Para tanto, propõe duas estratégias de produção de dados. A primeira estratégia é a realização de um survey nacional, baseado no questionário que está sendo aplicado na 5ª rodada do módulo ?Família e Mudanças nos Papéis de Gênero? do International Social Survey Programme (ISSP). E a segunda estratégia trata de trabalho de campo qualitativo em três cidades diferentes e representantes de três grandes regiões do país: Nordeste, Sudeste e Sul. A pesquisa é coordenada pelas professoras Felícia Picanço (UFRJ), Jurema Brites (UFSM), Thays Monticelli (UFRJ) e Anna Bárbara Araújo (UFRN);.