A proposta deste projeto é de consolidar reflexão teórica e comparativa em torno dos grafismos indigenas enquanto formas relacionais e agentivas, baseada em evidências etnográficas que foram se acumulando ao longo de mais de 30 anos de pesquisa sobre o tema. Esta pesquisa se dá tanto no âmbito de uma trajetória de pesquisa individual de longo prazo, quanto na constituição de um grupo de pesquisa em torno do tema, o NAIPE (Nucleo de Arte, Imagem e Pesquisa Etnográfica) que já tem formado um número expressivo de Doutores e Mestres na articulação entre Estudos etnológicos e estudos no campo das artes indigenas, populares, metropolitanas, e seus respectivos cruzamentos. Neste sentido pesquisamos tanto as artes sonoras e do movimento quanto as artes figurativas e os padroes graficos, apontando para a existência de uma articulação produtiva entre ontologias que colocam a ênfase na constituição relacional do ser e suas respectivas estéticas. Se o pensamento relacional constitui a base teorica da disciplina desde seus primordios, principalmente a partir das viradas estruturalista e pós-estruturalista, a abordagem antropológica das imagens continua focada em figuras delineadas sobre fundos, ou em pictogramas relacionados a regimes de enunciação verbal, com pouca atenção dada para a importância cognitiva da presença persistente de padrões gráficos que aderem a e ajudam a constituir superfícies, fugindo da figuração de entidades exteriores a elas mesmas.Resulta desta constatação que se a repetição pode ser considerada uma das características definidoras dos rituais, o mesmo pode ser dito dos estilos estéticos em geral e dos motivos gráficos em particular. Na Amazonia, a geração de motivos geométricos segue a lógica da repetição e suas variações sistemáticas, produzindo estilos gráficos caracterizados por uma notável continuidade no tempo, bem como variações que produzem novos motivos, que no entanto, permanecem em continuidade com os anteriores, constituindo assim um estilo..