Nesta dissertação estudou-se um ciclo de mobilizações de trabalhadores rurais no Pará, denominado grito do campo, apreendendo seus efeitos políticos e suas repercussões sobre o movimento sindical. Nestas mobilizações a luta por um "modelo alternativo de desenvolvimento com base na agricultura familiar", tornou-se um espaço de articulação do sindicalismo. As políticas públicas de desenvolvimento na Amazônia tradicionalmente estiveram voltadas para os grandes empreendimentos. No final dos anos 80 uma conjugação de fatores - como a instituição dos fundos constitucionais de financiamento pela constituição de 88 - apresentou possibilidades para mudanças dessa ordem através de observação participante, entrevistas, documentos e da análise das pautas de reivindicação, apreendeu-se o fazer-se dos gritos. Nesse processo os pequenos produtores rurais da região - sempre pensados como "pobres do campo"- se fizeram reconhecer enquanto geradores de riquezas. Explorando um aspecto da legislação vigente acrescentaram-se novas formas e conteúdos às lutas do campo pela cidadadia.