Este trabalho busca analisar, com base em método etnográfico, o processo de construção das autorrepresentações imagéticas do grupo indígena paresi, levando em conta noções próprias da sociabilidade do grupo. Partindo do contexto inicial de envolvimento de jovens indígenas num projeto de documentação fílmica, que demarcou a entrada em campo, procurei refletir sobre a origem do desejo de visibilidade que o grupo manifestava expressamente. A pesquisa mostra que a história do início do contato dos Paresi com os brancos da Comissão Rondon tem reverberações na memória atual dessa etnia e no modo como produzem a sua autoimagem. Com efeito, a elaboração da autorrepresentação do grupo, manifesta na utilização de recursos audiovisuais e em outros recursos, sustenta uma face voltada para as relações com os brancos e uma face de reinvenção de si mesmos.