Esta dissertação tem por objetivo analisar as representações sobre as piriguetes, focalizando a estética e a moda associadas à determinadas mulheres rotuladas ou acusadas de serem piriguetes. A piriguete representa, primeiramente, uma mulher que não se adéqua às normas de conduta feminina - ela expressa sua sexualidade e seu desejo, sua liberdade e seu poder. Pretende-se entender como o mundo do funk carioca se tornou o sustentáculo desse tipo de representação do feminino no qual se cria um modo ou moda piriguete e, posteriormente, como essa representação foi dissociada do mundo funk. Para tanto, foi analisada a representação da piriguete na mídia, especialmente a partir das personagens Suellen, da telenovela Avenida Brasil, Fatinha, do seriado Malhação, e Lurdinha, da telenovela Salve Jorge. Também foi analisada a construção da categoria “coroa piriguete” como uma categoria de acusação que se articula a diferentes operadores sociais da diferença, tais como gênero, sexualidade e idade. De um conjunto de características relacionadas às piriguetes podem-se apreender duas ordens de problemas sociológicos: a primeira delas aponta para uma forte demarcação de gênero e interdição da sexualidade e a segunda para o estigma relacionado ao peso acusatório das falas e das representações negativas sobre o que é ser piriguete.