Esta pesquisa é sobre a construção da qualificação do trabalho dos técnicos de saúde no âmbito do SUS, em meio as transformações operadas no capitalismo nos anos recentes. Neste contexto, entende-se a qualificação como um processo e um produto social que, para além da correspondência direta entre formação adquirida e exigências demandadas pelo posto de trabalho, deve ser compreendida a partir da teia de relações sociais em que o trabalhador está inserido. Foram analisados na pesquisa documentos fundantes do Sistema Único de Saúde e entrevistas realizadas com trabalhadores. A dissertação está organizada em três capítulos. No primeiro texto, discuto de que forma as transformações operadas no capitalismo, sob a atmosfera do padrão de acumulação flexível e das orientações neoliberais, foram centrais na organização do SUS e tiveram desdobramentos na elaboração das políticas de trabalho e educação em saúde durante a década de 1990. Já no segundo, identifico o surgimento da Secretaria de gestão do trabalho e da educação na saúde como marco histórico e político para a reconfiguração do trabalho em saúde e de sua qualificação durante os anos 2000, e analiso a maneira pela qual os referenciais da nova gestão mesclam-se com os referenciais do trabalho no SUS nesse processo. No terceiro capítulo, analisei a conformação da qualificação dos trabalhadores técnicos da saúde sob uma perspectiva mais próxima da vida e do cotidiano deste profissionais. em uma dimensão que denominei social e biográfica. Busquei identificar o lugar de formação e da ocupação técnica de saúde no percurso profissional dos trabalhadores e analisar como constroem, eles mesmos, a sua qualificação no cotidiano dos serviços.