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Esta dissertação analisa os impactos do processo de mudanças que vem ocorrendo no setor de transporte coletivo por ônibus na cidade do Rio de Janeiro, desde os anos 2000, sobre o trabalho dos(as) rodoviários(as) cariocas. São tratados como objetos de investigação as relações, condições e processos de trabalho de motoristas e cobradores(as) de ônibus no município do Rio de Janeiro, diante do seguinte conjunto de mudanças: a introdução dos microônibus; a criação do “motorista Júnior”; a implementação do Sistema de Bilhetagem Eletrônica (SBE); e a transição regulatória do setor, em 2010, para o modelo de concessão, no bojo do qual advieram mudanças como a racionalização das linhas e a criação do Transporte Rápido por Ônibus (BRT). Ademais, são examinados aspectos das trajetórias de vida dos(as) rodoviários(as) e do seu movimento sindical. Admite-se como hipótese central que, com essas mudanças, os processos, as condições e as relações de trabalho dos(as) rodoviários(as) cariocas pioraram para eles(as) próprios(as) e a efervescência da luta desses(as) trabalhadores(as), no início dos anos 2010, pode ser vista como uma reação a isso. Diversos procedimentos metodológicos foram adotados: revisou-se parte da literatura especializada sobre o setor, analisou-se documentos jurídicos, relatórios técnicos, reportagens, notícias, vídeos e informações obtidas por meio de entrevistas, e empregou-se a técnica de investigação denominada revisita etnográfica (BURAWOY, 2003), por meio da qual retornou-se ao campo de pesquisa estudado por Janice Caiafa (2002), entre 1996 e 2000, para realizar uma nova etnografia, em 2017 e 2018. Neste trabalho de campo, foram feitas observações participantes em viagens de ônibus e entrevistas semi estruturadas com rodoviários(as). Os principais resultados encontrados foram: modificações dos processos de trabalho resultantes da incorporação de novas tecnologias; aumentos da quantidade de tarefas e da intensidade do processo de trabalho, bem como do tempo de trabalho não contabilizado dos(as) motoristas, em função da generalização da dupla função; demissões em massa, mormente de cobradores(as); agravamento dos problemas salariais; e uma maior combatividade do movimento sindical rodoviário entre 2009 e 2015.

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