O que penso no presente trabalho é como se dá a relação entre sono e o que chamamos de social. Dessa forma, demonstro como o sono é condicionado em seus modos e práticas pela organização social, sendo condicionado por sua vez pela experiência que temos do mundo da vida cotidiano, mas também como a nossa experiência do sono condiciona como lidamos com o mundo acordado – em que precisamos interagir e falar, em que estamos conscientes e somos parte ativa da comunidade. Para tanto, adotando uma abordagem fenomenológica, debrucei-me especialmente sobre a experiência dos insones, aqueles que encaram, diariamente, o sono como questão. Assim, concentrando-me em poucos casos, mas centrando a pesquisa na atenção no ato de atenção de cada um, realizei, por um lado uma série de entrevistas com autoproclamados insones e, como controle, com pessoas que afirmam dormir bem; e, por outro, parte deles, inclusive eu mesmo, relatou em um diário sua própria experiência de dormir. Assim, por meio da atenção proporcionada por um relato constante sobre uma experiência, observo e descrevo como a experiência de dormir se dá no mundo da vida em que convivemos.