O projeto propõe abrir e explorar uma nova frente de pesquisa sobre o modernismo brasileiro a partir da análise da obra e atuação de um de seus principais líderes, Mário de Andrade. Mais especificamente, a pesquisa propõe investigar as possibilidades e os limites da ideia de modernismo como movimento cultural. A aposta é que a ideia de movimento cultural pode ser boa não apenas para pensar uma agenda de mudança cultural na sociedade proposta por Mário, como também para repensar a sua própria obra (em movimento) e percepção aguda das mudanças e continuidades da sociedade brasileira. É verdade que se costuma apontar a convergência das ideias de Mário de Andrade com o sentido hegemônico assumido pelos temas da identidade nacional e da cultura brasileira no contexto dos anos 1920-40, e isso tem sido mobilizado inclusive para explicar sua participação e/ou adesão ao Estado Novo. Lembrando, porém, que não só a política, mas também as ideias são um campo de forças, e que existem várias maneiras de se participar de um mesmo ?contexto intelectual?, buscamos qualificar as concepções plurais, abertas e cosmopolitas de cultura que animam sua obra e como que se materializam nas políticas públicas de democratização da cultura que formulou nos anos 30. Com isso pretendemos demonstrar o sentido dissonante e crítico de suas ideias e as tensões e ambiguidades que elas acabam por imprimir ao contexto intelectual e político do Estado Novo..