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Os yanomami da aldeia de Watoriki, localizada na Terra Indígena Yanomami, possuem tabus e restrições explícitas com relação à imagem, mas têm adotado fotografias, filmes, desenhos e performances como estratégia de veiculação de seu modo de vida. Sobretudo, tem feito da imagem um mecanismo de sobrevivência diante de sucessivas ondas de invasão garimpeira em seu território. Só que, para isso, importantes concessões foram feitas. A partir do último longa metragem realizado com esta população, A Última Floresta (2021), escrito pelo xamã Kopenawa Yanomami com o não indígena Luiz Bolognesi, proponho uma etnografia fílmica em que cosmologia, direção de arte, xamanismo e roteirização atualizam conhecimentos antropológicos e apontam para novas formulações quanto a relação entre identidade, imagem e corporalidade para esta população. A visão do xamã passa para as telas, onde o que pode ser mostrado está em constante negociação. Tendo como eixo central a ideia de etnoficção, que dilui a antinomia ocidental entre documentário e ficção, defendo que o filme traz o plano cosmológico, o tempo mítico e a dimensão onírica como forma de nos mostrar e nos aproximar do universo de Watoriki e sua arena cosmopolítica.

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