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Investigação em andamento sobre práticas musicais vivenciadas na construção social da memória do Bumba meu boi no Maranhão, baseada em etnografia junto aos brincantes do Boi Flor de Matinha e em levantamento documental e bibliográfico. Nesse estudo, entendo que a recordação e o esquecimento desempenham um papel essencial na criação identitária individual e coletiva (Aleida Assman, 2011), que a categoria “subjetividade” passa por um processo de disseminação no qual as identidades pessoais têm seu aspecto de mascaramento levado ao extremo (Giorgio Agamben, 2009), e que a construção da memória ocorre no calor de uma luta social onde os jogos de força podem estar mais ancorados na diferença do que na identidade (Jô Gondar, 2016). Nas últimas décadas, os brincantes têm atuado em conjunturas nas quais os modos de subjetivação predominantes promovem noções e representações como “autenticidade” e “originalidade". Busco compreender como esses brincantes têm sustentado seus modos de brincar enquanto exploram criativamente as possibilidades de construção e reconstrução musical de suas brincadeiras, processo que envolve a dupla face de uma vivência íntima e compartilhada em um espaço social onde os desejos e interesses dos brincantes encontram também a expressão das forças do poder oficial constituído. Para isso, tenho adotado uma abordagem que se alinha à autocrítica da “proliferação de novos essencialismos e reificações da ““etnicidade”, “tradição”, “identidade” e “metacultura da diversidade”” (Steven Feld, 2020) feita por alguns autores da Etnomusicologia. Nesse sentido, aposto no desenvolvimento de uma pesquisa baseada em práticas de escuta relacional e com foco em histórias de escuta.

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