Esta dissertação analisa o percurso da escola de fotojornalismo francesa, a Casa Geração Cidade de Deus (CGCDD), a partir dos quadros produzidos sobre a favela que sediou a escola, a Cidade de Deus. A noção de enquadramento (BUTLER apud GOFFMAN, 2015) nas construções da filósofa Judith Butler é o eixo estruturante da dissertação. Ao identificar as múltiplas fabricações de enquadramentos acerca da Cidade de Deus como favela evidencio como essas construções são estendidas aos seus moradores. Estas implicações sobre o espaço são também implicações sobre as pessoas e vice-versa. O fotógrafo coordenador e responsável local da Casa Geração emerge então como personagem chave. A questão central desta análise mostrar como o percurso dessa escola está relacionada ao seu papel de liderança comunitária a ponto sua trajetória se confudir de certa forma com os próprios quadros da CGCDD. Nesse emaranhado de quadros que condiciona os atores, espaços e histórias fica difícil desatrelar atores e espaços, histórias e quadros, lugares e pessoas. Essa relação marcada por desigualdade, produz diversos pares de diferenciação, o principal está na distinção territorial do ofício: o fazer fotográfico na/da Cidade de Deus e o fazer fotográfico de fora. Como esses fazeres são sentidos, gestados e lidados no cotidiano do projeto.