Esta dissertação analisou a realização dos recentes megaeventos no Rio de Janeiro a partir do estudo de um período que abrange os Jogos Pan-Americanos de 2007, a Copa das Confederações de 2013, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. A metodologia do trabalho consistiu na revisão bibliográfica sobre a temática geral e na análise de materiais jornalísticos, documentos e discursos oficiais do período. Buscou-se responder o que assegurou a realização dos megaeventos esportivos mesmo diante dos obstáculos, tenham eles sido previstos no planejamento estratégico por serem característicos do Rio de Janeiro – como a violência urbana – ou pela frequência em eventos internacionais – como os ataques considerados terroristas –, ou tenham eles sido inesperados – como os protestos de junho de 2013. Inferiu-se que a segurança desses eventos se deu em compasso com a securitização da cidade-sede, que obedeceu às lógicas de fenômenos conhecidos como espetacularização e novo urbanismo militar. Tendo em vista que tal relação já havia sido notada em edições anteriores, como nos aponta a literatura especializada, à pesquisa importou evidenciar o que, então, foi fundamental para a efetivação dos megaeventos em termos locais. Assim, entre outras coisas, destacaram-se a execução dos projetos das Unidades de Polícia Pacificadora e do Centro Integrado de Comando e Controle – principal pilar do novo sistema de segurança pública nacional propalado como um importante legado –, além dos investimentos massivos em contratação de pessoal, treinamento e tecnologia. Optou-se por uma abordagem associativa, em detrimento da estruturalista. Assim, as entidades foram compreendidas como dispositivos linguísticos produzidos por discursos móveis e técnicas de governo, no desígnio de uma complexa rede de agenciamentos entre humanos e não humanos. Desta forma, concluiu-se que a efetivação dos megaeventos não é mérito de uma única instância, mas de uma rede híbrida mobilizada em torno dos programas de ação consecutivos em que conhecimentos e estratégias baseados em modelos internacionais se acumularam, interpenetraram e reformulara a cada experiência local.