As pesquisas em sociologia que tratam a percepção sobre a desigualdade têm se tornado cada vez mais populares, versando não mais somente as questões que envolvem classes socioeconômicas em termos materiais como também através da opinião pública sobre o tema. Para entender a reprodução da desigualdade em toda sua complexidade, analisar como as pessoas agem quando questionadas sobre o que acham de políticas públicas voltadas para a distribuição de renda importa, uma vez que a partir dessas opiniões podemos identificar valores sociais e preferências políticas. Muitos estudos apontam para diferenças na percepção entre grupos diferentes como, por exemplo, pessoas que ocupam um status de elite em relação àquelas que estão em posições mais desvantajosas no status quo. Além disso, também investigam a premissa de que um cenário de intensa desigualdade pode resultar em maiores taxas de apoio às políticas de redistribuição, mas os resultados mostram que outros elementos impactam significativamente mais do que apenas a desigualdade em si, quais sejam valores morais que servem de parâmetro para a elaboração que seria “justiça” e merecimento (um pensamento mais voltado aos princípios meritocráticos). Nossa pesquisa, que ainda está em andamento, busca seguir um percurso semelhante aos das pesquisas anteriores, com o objetivo de compreender como a população latinoamericana e brasileira enxergam a distribuição de renda a partir da metodologia mista, associando dados qualitativos - a partir de grupos focais - e quantitativos - a partir do survey Latinobarómetro.