General Info
A categoria cuidado vem ganhando a atenção dos sociólogos do trabalho e do gênero nas últimas décadas. O termo, no entanto, ganha sentidos diferentes e até incompatíveis segundo a linhagem teórica dos autores que o mobilizam. Em comum, as diferentes versões da categoria estão baseadas em visões moralmente carregadas e abstratas sobre o tema. Assim, ao propor um diálogo entre algumas das acepções sobre o cuidado e meu campo empírico de pesquisa – uma política pública de cuidado domiciliar do município de São Paulo e, mais especificamente, o trabalho desempenhado pelas agentes comunitárias de idosos (ACIs) nesta política – sugiro que o cuidado seja compreendido a partir de seus enredamentos. Isto é, descarto a análise puramente abstrata do tema e busco investigar as tensões que o cuidado e o trabalho de cuidado arregimentam e as diferentes configurações que assumem quando colocados em diálogo com: 1) a temática das políticas sociais para idosos; 2) as emoções e o trabalho afetivo desempenhado pelas ACIs e; 3) as desigualdades sociais. Assim, mostro como o cuidado está longe de ser uma categoria genérica e proponho que sua complexidade e polissemia sejam reconhecidas e evidenciadas pela pesquisa empírica.