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Em 2015, no contexto da epidemia de zika no Brasil, achados científicos inéditos estabeleceram a relação entre o vírus e diversas anomalias neurológicas de fetos e bebês de mulheres que contraíram o zika durante suas gestações, dentre as quais destacava-se a microcefalia. O conjunto dessas anomalias foi classificado, ainda durante a epidemia, como Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZ). Até maio de 2017 o Brasil esteve em estado de "emergência em saúde pública de importância nacional" em função da doença. A pesquisa tem como objetivo geral compreender a construção da SCZ como problema público no país, privilegiando sua dimensão político-moral. Para tanto, entende "problema público" como uma questão que se torna matéria de conflitos, controvérsias e denúncias na arena pública, constituindo-se como problema em relação a valores, crenças e interesses que se manifestam na forma de indignação moral e demandas de tratamento no nível da ação coletiva. A pesquisa volta-se empiricamente para dois âmbitos de problematização da SCZ no Brasil: primeiro, a elaboração de dispositivos legais e iniciativas oficiais em instâncias jurídicas e legislativas, onde leis, ações diretas e projetos de lei encontram-se em disputa desde 2016; e segundo, o processo de reunião de mães de crianças atingidas pela doença em coletivos e associações que têm reivindicado reconhecimento, direitos e formas específicas de cuidado para seus filhos. Metodologicamente, trata-se de uma etnografia multissituada que combina observação participante, realização de entrevistas e análise da produção, circulação e divulgação de documentos por parte tanto dos agentes envolvidos na elaboração de dispositivos legais e iniciativas oficiais em torno da SCZ, quanto das associações e coletivos de mães atuantes no país. Pesquisa financiada pela Bolsa de Produtividade (CNPq) com vigência de 2020 a 2023 e pela bolsa Jovem Cientista do Nosso Estado (FAPERJ) com vigência de 2022 a 2025..

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