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O objetivo deste trabalho é analisar a produção do espaço da Colônia Juliano Moreira, na Baixada de Jacarepaguá, Rio de Janeiro, por meio dos conflitos pela aquisição de terra entre loteadores informais, posseiros, mercado imobiliário e setores do estado. A análise destes conflitos foi feita a partir da inversão do ponto de vista que normalmente é lançado sobre a colônia: busco olhar a partir dos moradores recentes, aqueles que não possuíram vínculos com o Hospital-Colônia. Este ponto de vista possibilitou a observação da Colônia como bairro, ou seja, em relação com o seu entorno e com a cidade. Como efeito, observo o bairro de Jacarepaguá – que foi subdividido para dar origem ao bairro Colônia – a partir do que ele possui, e não pelos ciclos econômicos marcados pela decadência e pela falta ou ausência de controle e da presença do Estado. A visão de decadência que é frisada pela historiografia sobre Jacarepaguá fez com que as políticas públicas fossem marcadas pela busca de vocações para este bairro e também pelo reforço da presença do Estado na zona oeste. Como resultado, passaram-se três principais ciclos político-econômicos: o período agrícola, a transferência de hospitais para a região e as políticas voltadas à expansão da cidade para a zona oeste. Tais ciclos foram marcados por uma série de conflitos em que a propriedade da terra se torna um elemento importante, pois é a insegurança quanto ao reconhecimento de posse que levaram a observar a Colônia a partir do seu cotidiano: a agricultura de subsistência realizada por pequenos lavradores e do cotidiano do hospital que gera uma sociabilidade própria, em um primeiro momento; o crescimento e abertura para seu entorno a partir do mercado informal de terras e imóveis, no segundo; e o questionamento em relação a ausência do estado a partir da apresentação de sucessivas políticas públicas voltadas diretamente para o território nos últimos ao menos trinta anos. Como resultado, desenvolvo como a relação dos atores locais com diferentes atores estatais, por vezes simultaneamente, foi responsável pelo desenvolvimento de Jacarepaguá a partir do mercado informal de terras. Desta forma, contraponho o discurso oficial de ausência de Estado e de políticas voltadas à zona oeste, assim como aqueles que enaltecem a decadência econômica e de vazio demográfico.

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