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Com base em um trabalho de campo acompanhando cuidadoras de idosos que atuam em uma política pública do município de São Paulo, propomos uma discussão sobre como elas qualificam e, assim, lidam de diferentes formas com a morte da população por elas atendida. Dialogando com o arcabouço analítico da sociologia pragmática, mostramos como as cuidadoras “moralizam” variadamente a morte, por exemplo, como “justa”, “injusta”, “evitável” ou “natural”, o que depende das circunstâncias da morte, das condições de vida do idoso e da relação estabelecida com eles. Tais qualificações também são influenciadas pelas formas como as profissionais se sentem, i.e., por suas sensações e afetos, causando efeitos na continuidade de suas vidas pessoais e/ou profissionais. Assim, analisamos as formas pelas quais as cuidadoras aprendem a lidar com a morte dos idosos não apenas no processo de somar “bagagens de experiência”, mas por serem direcionadas a um (e exercerem o) “trabalho afetivo”, o que envolve uma “educação das emoções”. Argumentamos que a qualificação e, logo, a moralização das mortes varia segundo um trabalho ativo de interpretação e reinterpretação das experiências, o que inclui uma modulação do próprio âmbito afetivo-intensivo.

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