Neste artigo exploramos as contribuições de Joanna Overing à etnologia das Terras Baixas da América do Sul, em diálogo com os principais temas teóricos abordados pela subdisciplina. Neste sentido, propomos uma breve biografia intelectual da antropóloga norte-americana, nascida em 1938, que fez trabalho de campo na Venezuela, lecionou nos Estados Unidos, na Inglaterra e na Escócia, teceu diálogos interdisciplinares entre filosofia, linguística e antropologia e dinamizou as trocas entre a etnologia feita na Inglaterra, na França, na Escandinávia e no Brasil. Sendo a única mulher no Departamento de Antropologia da London School of Economics durante boa parte da década de 1980, Overing enfrentou polêmicas pioneiras sobre parentesco, gênero, racionalidade, temporalidade, estética e criatividade com uma escrita elegante, clara e teoricamente densa, abrindo espaço para outras mulheres na academia. Tanto em Londres, como em Saint Andrews, ela fez escola. Teve muitos orientandos e orientandas e com eles e elas definiu pautas-chave para futuros desenvolvimentos da antropologia.