Viviana Zelizer é uma socióloga argentina que estabeleceu sua carreira nos Estados Unidos e atualmente leciona na Universidade de Princeton. Em 2023, recebeu a mais alta honraria da American Sociological Association (ASA) por seu impacto e contribuição no campo da sociologia1.
A influência de Zelizer se estende internacionalmente e é bastante relevante no Brasil. Muitas de suas obras, incluindo o livro A negociação da Intimidade (2011, Editora Vozes) e o artigo O significado social do dinheiro: dinheiros especiais (2003, Editora Celta), foram traduzidas para o português. Além disso, uma importante entrevista discutindo sua pesquisa, conduzida por Nadya Guimarães, André Vereta-Nahoum, Federico Neiburg e Bianca Freire-Medeiros foi publicada na revista Tempo Social em 2017.
A influência de Zelizer nas áreas de sociologia econômica e sociologia do dinheiro são inquestionáveis, mas gostaríamos de ressaltar também o reconhecimento e a recepção ímpar de suas obras nos estudos de gênero. Isso se deve em grande parte às suas contribuições teórico-conceituais sobre intimidades, moralidades e cuidado, que são amplamente debatidas no campo.
Suas ideias inspiram gerações de intelectuais, incluindo nós mesmas e as/os autoras/es deste dossiê. Com cinco artigos e um Registro de Pesquisa, todos fundamentados nas obras de Zelizer, o dossiê aborda desafios analíticos e aprimora nossa compreensão dos fenômenos sociais. Esses trabalhos vão além das dicotomias simplistas entre mercado e não-mercado, público e privado, familiar e econômico, entre outros. Eles ampliam nossas reflexões sobre a vida econômica e destacam a importância analítica dos atores sociais na formação de significados e fronteiras - na melhor tradição de Viviana Zelizer. Apontam também como é fértil a contribuição teórico-conceitual da autora, de modo que suas reflexões são de suma importância para analisar uma variedade de aportes empíricos e contextos sociais distintos: a educação financeira; campanhas de solidariedade durante a pandemia; o trabalho das camareiras de hotéis; a ação de influenciadoras/es digitais; o trabalho sexual; e as relações pessoais e familiares em um pólo de confecção brasileiro.