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O artigo discute as relações Estado-mercado no Brasil a partir da afirmação de um novo regime de governança corporativa (GC) como ordem institucional e seus efeitos de poder sobre os agentes políticos e econômicos. Desse modo, integra as transformações conjunturais na ação de agentes proprietários, gestores e do Estado em uma explicação da mudança institucional em uma corporação de origem brasileira, a Vale S.A., analisando a emergência da “nova governança corporativa” da Vale. Argumenta-se que uma nova estrutura de pressões intra- e inter-corporativas condiciona o enquadramento da corporação ao modelo anglo-americano de GC, com efeitos relevantes para a conformação da firma e de seus agentes. A investigação empregou análise documental, enfocando predominantemente relatórios corporativos e documentos de mídia, além de técnicas de observação participante. Os resultados são consistentes com um processo de reconfiguração da estrutura de poder interna à Vale, com perda relativa de influência dos fundos de pensão, banco público e Governo Federal, mas também retração de autonomia de seu quadro dirigente, em favor de investidores institucionais externos e de agentes do mercado financeiro.