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Estudos sobre crimes, violências e outras disputas conflituosas Este livro, dividido em dois volumes, constitui o primeiro de uma coleção que reúne a produção de uma rede de pesquisadores que vem se dedicando há vários anos ao estudo dos processos de administração institucional de conflitos em perspectiva comparada. Os textos aqui reunidos demonstram a relevância social e sociológica da pesquisa empírica e da discussão teórica de temas que com frequência povoam as páginas de jornais e as conversas cotidianas, como o fazer policial, sua legitimidade, o funcionamento das diversas instâncias do poder judiciário, as técnicas de negociação e administração de conflitos menores, os limites do legal e do ilegal, do moral e do imoral, entre outros. Integrada por antropólogos, advogados, sociólogos, historiadores e cientistas políticos, essa rede de pesquisadores participou de projetos de diversas naturezas que, entre outros produtos, realizou pesquisas empíricas sobre a natureza diferenciada dos conflitos administrados pelos sistemas de Segurança Pública e de Justiça Criminal em diversos estados brasileiros e em países como Portugal, Canadá e Argentina. Tais pesquisas redundaram em seminários acadêmicos destinados a debater seus resultados, possibilitando uma perspectiva comparada que ampliasse o horizonte de compreensão do funcionamento dos sistemas pesquisados, bem como das percepções sobre os mesmos por parte dos atores neles envolvidos. Os artigos publicados nestas duas coletâneas são o resultado da discussão conjunta mantida durantes esses seminários. Assim, além de incorporar o viés contrastivo, a originalidade destes trabalhos reside também na variedade de perspectivas a partir das quais são abordados os problemas analisados. Crime e violência costumam ser pensados como desvios da ordem normativa, fundada na obediência às leis e no papel das instituições de controle social. Tudo se passa como se, para assegurar uma sociedade pacificada, bastasse reformar as leis penais, modernizar as polícias, agilizar os procedimentos judiciais, profissionalizar os recursos humanos. Os autores desta coletânea não se contentam com tais explicações. Eles sugerem que as questões subjacentes ao crime e à violência no Brasil são mais complexas, pois envolvem disputas em torno da legitimidade ou ilegitimidade de significações morais, além de interesses materiais e ideais. Para eles, mais do que o fato em si o foco deve ser centrado na natureza dos conflitos sociais, de seus mecanismos de disputa e de resolução cujo desfecho converge para o crime e para formas distintas de violência.