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Este texto busca descortinar o horizonte de questões abarcado pelas noções de carnaval e de cultura popular. Nosso ponto de partida é a natureza ritual e altamente simbólica da festa carnavalesca, que, através de séculos, soube preservar potentes fragmentos do vigor e da qualidade utópica da cultura do riso e da praça pública do Medievo e do Renascimento. Duas obras em especial erguem-se como valiosas referências para a compreensão antropológica da riqueza cultural e profundidade histórica do carnaval: A cultura popular na Idade Média e no Renascimento, do crítico literário Mikhail Bakhtin (1987 [1965]) e Cultura popular na Idade Moderna (1989 [1978]), do historiador da cultura Peter Burke. A leitura sintética destas obras guiará nosso percurso.