O presente trabalho parte do texto Otobiographies de Nietzsche, no qual o filósofo Jacques Derrida aborda a obra intitulada Ecce Home de Friedrich Nietzsche, considerada como a mais próxima do que seria uma autobiografia deste autor. Logo no título da publicação, Derrida promove um jogo de palavras sonoro entre auto-biografia e oto-biografia, já que a pronúncia das duas palavras na língua francesa é a mesma; o prefixo oto sugerido por Derrida remete ao ouvido, à orelha, à escuta. As implicações entre o falar de si na autobiografia e o ouvido que escuta esse falar são desenvolvidas durante o texto. Neste, aliás, Derrida se dedica a ler e comentar – como um fio condutor – o prefácio, um excerto e as primeiras páginas da já citada obra Ecce Homo pensando questões muito particulares. Pertinente para este trabalho estão as noções expostas no texto sobre a dinâmica dos nomes próprios dos filósofos, seu porvir e as políticas – em sentido lato – que tais noções implicam. Pretende-se realizar uma discussão sobre os termos no desenvolvimento da exposição, cuja investigação pretende resultar num comentário – balizado nas questões desenvolvidas por Derrida na análise da obra nietzscheana - das formas em que a filosofia pensa e organiza as sumas filosóficas e os nomes que as organizam enquanto índice; desta maneira, a reflexão também ilustra uma possibilidade de se pensar a questão da identidade do sujeito - termos carregados de historicidade relevante - de maneira mais ampla.