O artigo tem como objetivo contribuir com os debates de antropologia da alimentação e nos estudos antropológicos das religiões de matriz africana no Brasil, destacando a importância da comida e da comensalidade nessa religião. Dialoga, portanto, com os estudos do candomblé, em que a comida ocupa a questão central, não somente durante as festas, mas também em uma série de rituais privados do cotidiano da comunidade religiosa. A comida deve ser vista aqui como uma chave para pensar as relações entre humanos e orixás no universo do candomblé, pois é através do preparo dos alimentos que os humanos demonstram cuidado, dedicação e afeto para com as divindades. Igualmente, a comida é a substância que mantém o mundo funcionando, tanto dos orixás, quanto dos humanos. Essa discussão se baseia em etnografia realizada no terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, situado em Salvador, Bahia.