O objetivo deste artigo é analisar as diferentes formas como a conclamação da força, por meio de uma forma comportamental que chamamos de moralismo ostentatório, atua como maneira de efetivar uma banalização seletiva da morte em um ambiente da representação social da violência urbana. Para tal, analisamos como leitores de reportagens sobre operações policiais se manifestam em relação àqueles que interpretam, no âmbito das matérias, como portadores de uma sociabilidade violenta e aqueles a estes solidários. A pesquisa se assenta na tabulação de 100 matérias sobre operações policiais em favelas cariocas de 2019 a 2022 no site do jornal Extra, e, a partir disso, mais de 50 mil comentários a elas tanto na área a eles destinada em seu site quanto em sua página na rede social Facebook. Realizamos uma análise semiótica detalhada de 472 desses comentários, nos quais se manifestam formas de efetivação da força e de firmeza e intransigência moral. Concluímos que os atores sociais, em um ambiente que qualificamos como de “imperativo da opinião”, conclamam a força por meio de formas expressivas de simplificação moral, notadamente pela ridicularização e pelo constrangimento de seus oponentes críticos.