A tese tem como objetivo delinear uma sociologia do conhecimento dos usos das cartas de jogar e do tarô como oráculos. Para isso, recorri a fontes primárias e secundárias da história do tarô e das cartas de jogar, bem como da história das práticas oraculares com cartas, publicações estas ainda mais escassas. Os eixos interpretativos dos quadros conceituais da sociologia do conhecimento em tela são: as epistemes, tal como pensadas por Michel Foucault, a sociologia dos jogos de Johan Huizinga a Roger Caillois, as cosmovisões expressas em imagens, analisadas por Karl Mannheim e Aby Warburg, a temporalização da experiência a partir de Reinhardt Koselleck e a sociologia de gênero e gerações. Historicamente, a tese procura delinear a construção dos primeiros baralhos de carta e tarô documentados, até os primeiros relatos e documentos de usos oraculares das cartas, passando pelo Renascimento italiano, pela península ibérica dos séculos XV a XVII, pela França dos séculos XVIII e XIX e pela Inglaterra do século XIX.