O artigo discute as estratégias comunicacionais da organização não-governamental (ONG) Projeto Vivas, que auxilia o acesso ao aborto legal, na rede social Instagram. Com base em debates sobre o aborto como estigma social e epistemologias feministas, argumentamos que a perspectiva de gênero e o entendimento da Comunicação Pública da Ciência (CPC) como cultura são cruciais para promover debates qualificados sobre a cobertura do aborto como questão de saúde pública na mídia. Após uma análise de conteúdo das postagens realizadas entre setembro de 2021 e setembro de 2023 pelo projeto, concluímos que a combinação entre conhecimento científico e acolhimento às pessoas que gestam dialoga com a proposição de uma CPC feminista. A partir desse viés, no qual a mídia tem papel preponderante nas produções de sentido sobre e apartir da ciência, fomenta-se a produção de novos conhecimentos localizados pelas experiências de corpos atravessados por gênero, além do combate ao silenciamento desses mesmos corpos.